Funcionários do banco Bradesco não podem fazer day trade. É o que afirmam denúncias feitas aos sindicatos dos bancários em todo o Brasil. De acordo com os relatos, o banco ameaça demitir quem operar no mercado com a compra e venda diária de ações.
A proibição da atividade faz parte do código de ética para os funcionários, disse o Bradesco. Em uma reunião com a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, a direção do banco reforçou que o day trade é proibido e pode ser punido com demissão.
A COE é a entidade que representa os trabalhadores nas negociações frente ao banco.
Conforme noticiou a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT) a reunião em questão ocorreu na manhã de quarta-feira (14).
O assunto principal foram as denúncias de que o Bradesco estaria investigando as movimentações financeiras dos bancários.
Eles afirmaram que o banco está convocando funcionário para esclarecimentos, quando identificam pagamentos “divergentes”.
Ou seja, quando uma conta que está no nome do bancário é paga com recursos de uma conta de outra pessoa. Os funcionários afirmam que o método de averiguação do Bradesco é inadequado, pois é invasivo.
O banco informou à COE que, de fato, faz esse cruzamento de informações e pede esclarecimentos quando identifica essa situação. Se identificado que não houve uso indevido, o gestor sinaliza e encerra o caso.
Após as denúncias, o banco se comprometeu a reorientar as lideranças. Afinal, segundo o Bradesco, a ideia é proteger os dados dos bancários e dos clientes e não perseguir ninguém.
Além disso, o banco explicou que suas normas proíbem que o funcionário pague seus boletos, com a conta de um terceiro. Mesmo se for parente, o bancário precisa apresentar um documento de autorização assinado pelo terceiro para movimentar sua conta.
“Nós precisamos ficar de olho neste tipo de monitoramento do CPF dos funcionários. Isso não pode ultrapassar os limites. A própria LGPD protege os dados de todo brasileiro. Temos que tomar cuidado com qualquer tipo de invasão de privacidade”, afirmou Magaly Fagundes, coordenadora da COE Bradesco.
Bancários relataram ainda que os gestores estariam pressionando para que eles transfiram seus recursos de outras corretoras para a Ágora, corretora do Bradesco. No entanto, o banco nega que exista esta orientação.
“Caso os bancários continuem sendo pressionados, ou sejam mal orientados, é importante avisar imediatamente o Sindicato para que possamos intervir e melhorar esses processos”, orientou Erica de Oliveira, integrante da COE Bradesco.
Lorena Amaro