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Bancos brasileiros citam 'ilícitos financeiros' e pressionam por regulação de exchanges de criptomoedas

Publicado em 22/06/2021 às 18:10

A Federação Brasileira dos Bancos pressiona por mais regulação e supervisão para o mercado de criptoativos e exchanges no Brasil.

 

Os bancos brasileiros mais uma vez se pronunciaram pela regulação do setor de exchanges que negociam criptomoedas no Brasil, desta vez através da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

O aumento do volume de negociação de criptomoedas no país e a entrada em peso de exchanges globais como a Binance, hoje dona da maior fatia deste mercado no país, levantaram preocupações entre os bancos, que citam ameaças ao sistema de prevenção à lavagem de dinheiro e evasão fiscal.

Os bancos e instituições financeiras agora pressionam para que as autoridades passem a monitorar com mais supervisão as exchanges de criptomoedas, citando "brechas" para o uso das empresas do setor para esconder atos ilícitos.

Uma fonte anônima ouvida pelo Valor Econômico reforça esta impressão:

“Vamos supor que uma empreiteira compre Bitcoins, o que é legítimo, mas manda para um político em uma conta na Ucrânia, e ele os transforma em dinheiro fiduciário. Aí começa a ilegalidade”

Ele compara o uso de criptomoedas com o mercado de câmbio de moedas fiduciárias, que é sujeito a uma série de regras de controle para remessas internacionais.

Não há controle de autoridades financeiras sobre transações na rede do Bitcoin, já que a blockchain não funciona sob a jurisdição de nenhum país. As exchanges de criptomoedas, sim, estão sujeitas às leis dos países em que atuam, já que muitas vezes são o canal para que os usuários troquem criptoativos pelas moedas nacionais. No Brasil, a Receita Federal e o Banco Central estabeleceram normas para a declaração e negociação de criptoativos no país.

Em nota, a Febraban diz que o criptomercado atua hoje "à margem de um marco normativo" e que a regulação tem que ser aprofundada para evitar "ilícitos financeiros".

Outra fonte do setor bancário diz que o processo de registro dos clientes das exchanges é "falho":

“Enquanto não houver regulação, fica difícil distinguir exchanges bem intencionadas das aventureiras”

ABCripto denuncia desinformação

A Associação Brasileira de Criptoeconomia também se pronunciou sobre o tema e a pressão dos bancos sobre a indústria. Segundo o presidente da ABCripto, Rodrigo Monteiro, 80% das transações ilícitas detectadas pelas autoridades são em dinheiro vivo, com obras de arte e metais preciosos à frente das criptomoedas entre os grupos criminosos:

“Esse tema padece de desinformação quase generalizada”

Dados da casa de análises Elliptic mostram também que apenas 0,34% das operações com criptoativos no mundo em 2020 podem estar ligadas a atividades ilícitas, um número muito pequeno. Monteiro completa dizendo que o mercado de criptomoedas obedece a regras de conformidade regulatória e combate à lavagem de dinheiro e que as exchanges representadas pela entidade também seguem um código de autorregulação "bem exigente".

Finalmente, ele diz que o "mercado sente falta de se apontar qual o regulador responsável pelos criptoativos" e indica que Banco Central, CVM e Superintendência de Seguros Privados podem atuar na supervisão deste mercado e que esta discussão já está em debate no Congresso Federal.
 




LUCAS CARAM

 

Fonte: https://cointelegraph.com.br

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