Nic Carter, sócio da Castle Island Ventures, deu uma entrevista à Bloomberg sobre sustentabilidade e Bitcoin (BTC). Carter defende que Elon Musk não é a pessoa mais indicada para falar de nenhum dos temas, uma vez que os próprios entusiastas não confiam no dono da Tesla.
A crítica veio na sequência da criação do novo conselho de mineradores de BTC, liderado por Musk. Carter também falou sobre tipos de mineração e sustentabilidade.
Em sua fala, Carter citou tanto a personalidade de Elon Musk quanto o modelo de negócios da Tesla. Ambos, em sua visão, representam uma fonte de desconfiança para a comunidade de criptomoedas.
“Os entusiastas do Bitcoin ainda são extremamente céticos em relação a Musk e o veem como um homem em conflito. Além disso, seu negócio [a Tesla] envolve parcialmente a venda de compensações”, destacou.
De fato, a personalidade de Musk é um tema controverso. Ele costuma mudar suas opiniões com frequência, e isso já causou fortes impactos no preço das criptomoedas, seja positivos ou negativos.
Essa venda de compensações diz respeito aos créditos de carbono. Eles constituem uma espécie de subsídio para a Tesla por conta de seus carros não emitirem gás carbônico.
Tais créditos representam um lucro de US$ 500 milhões para a empresa, cerca de R$ 2,6 bilhões na cotação atual. Esse valor foi maior do que o lucro auferido pela empresa com a venda de carros no primeiro trimestre de 2021, que atingiu US$ 438 milhões.
A respeito do conselho de mineradores criado por Musk, Carter não elogiou diretamente a iniciativa. Contudo, classificou como válidas as tentativas de pedir mais transparência aos mineradores sobre as fontes de energias.
Durante a entrevista, Carter também foi questionado a respeito de modelos de mineração mais sustentáveis. A disputa neste caso envolve a Prova de Trabalho (PoW) e a Prova de Participação (PoS).
O primeiro é utilizado no BTC, enquanto o segundo está em processo de implementação na ETH. Uma das perguntas foi justamente se a ETH seria uma melhor aposta para o futuro, devido à essa migração.
Carter concordou que a mineração PoS emite menos carbono e, portanto, é menos poluente. Mas disse que ela ainda possui gastos com capital e riscos. E ambos devem ser considerados no custo de transição.
“São sistemas diferentes. Acho que é preciso considerar as garantias que o investidor quer, e o custo de oportunidade do PoS. Minha preocupação é que grandes investidores consigam ter um amplo controle dos sistemas PoS e, com isso, adquiram poder político na rede”, afirmou.
Luciano Rocha