O banco digital Inter ainda não oferece aos seus clientes a possibilidade de investir diretamente em criptomoedas – exemplo do que faz o Nubank – mas vai testar a tecnologia base dos ativos digitais em algumas operações.
De acordo com uma reportagem do Valor Econômico, a fintech quer usar a tecnologia blockchain para negociação dos clientes e transações entre bancos.
A iniciativa ocorre no âmbito da participação do Inter no projeto piloto do Real digital, a moeda digital de banco central (CBDC) do Brasil. Conforme noticiou o CriptoFácil, o Inter participará do piloto em um consórcio com a Microsoft e com a 7Comm. Ainda nessa frente, a fintech pretende trabalhar com a tokenização de títulos do Tesouro.
Como destacou à reportagem Bruno Grossi, tech manager do Banco Inter, o banco digital vê na tecnologia blockchain potencial para aplicações em negociação de compromissadas, por exemplo.
Trata-se de um tipo de transação financeira em que um investidor compra títulos de curto prazo, como títulos do governo, com a promessa de vendê-los de volta ao emissor em uma data futura específica. Essa operação é utilizada principalmente para obter liquidez no mercado financeiro.
“Pode ser muito mais fácil fazer isso com um smart contract [contrato inteligente] em uma solução blockchain de forma automatizada”, destacou Grossi.
Para o executivo, a tecnologia subjacente das criptomoedas é útil porque permite operações sem intermediários. Dessa forma, os processos passam a ter custos menores
“Nós resolvemos muitas dores tanto para clientes quanto para back office com a blockchain. Acredito que a tesouraria será uma das grandes beneficiadas pela simplificação de processo. A própria reserva do Pix, que hoje fica no BC, precisa ser remunerada, algo que pode ser feito via smart contract”, disse ele ao Valor.
Com relação ao piloto do Real Digital, Grossi informou que o consórcio do qual o Banco Inter faz parte terá uma reunião com o Banco Central na próxima segunda-feira (26). Na ocasião, o grupo deve receber novas informações técnicas que auxiliarão em suas iniciativas com a blockchain.
O Banco Inter também saberá nesta data se será um nó validador do Real Digital na blockchain da Hyperledger Besu ou não.
Um nó validador é um participante da rede que possui a responsabilidade de verificar e validar as transações e os blocos adicionados à blockchain. Este nó executa algoritmos criptográficos e verifica se as transações são legítimas de acordo com as regras estabelecidas pelo protocolo da blockchain.