Bitcoin volta ao patamar de US$ 23 mil; promotores dos EUA pedem adiamento de processos contra SBF até conclusão de investigações
O mercado de criptomoedas volta a ganhar força nesta quarta-feira (8), em meio à maior demanda por ativos de risco após comentários vistos como positivos do presidente do banco central americano. Mas os índices futuros dos EUA apontam uma abertura em baixa das bolsas em Nova York, já que Jerome Powell não descartou mais aumentos dos juros.
O Bitcoin (BTC) avança 1,3% nas últimas 24 horas, para US$ 23.207,44. Em reais, o BTC sobe 1,5%, cotado a R$ 120.327,88, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) registra alta de 2,5%, negociado a US$ 1.673,16, segundo dados do Coingecko.
Uma rede de testes do Ethereum simulou com sucesso pela primeira vez retiradas de ETH travado em “staking”, em mais um passo da segunda maior blockchain em sua transição histórica ao sistema de proof of staking (PoS) com todos os recursos, informou o CoinDesk.
Em meio ao crescente interesse pelos avanços em inteligência artificial, tokens ligados ao setor se destacam. É o caso do FET, criptomoeda nativa da Fetch.AI, uma plataforma descentralizada que fornece ferramentas e infraestrutura necessárias para a construção de uma economia digital baseada em IA. Apesar da queda de 9% nesta quarta, o token já subiu quase 84% em sete dias.
As principais altcoins operam no azul ou com estabilidade, com destaque para BNB (+0,4%), XRP (+1,4%), Cardano (+3%), Dogecoin (+0,5%), Polygon (+5%), Solana (+1,8%), Shiba Inu (+2%), Polkadot (+3,4%) e Avalanche (+2,6%).
Bitcoin hoje
O Bitcoin acompanhou o rali de Wall Street na terça-feira (7) e conseguiu recuperar o patamar de US$ 23 mil. Em seu aguardado discurso, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, confirmou que há um processo de “desinflação” na economia americana, o que animou investidores de ativos de risco. Mas Powell alertou que, se o mercado de trabalho continuar muito aquecido, o banco central americano vai ter que dar continuidade ao aperto monetário.
Em 30 dias, a maior criptomoeda acumula valorização de 36%, mas ainda registra perdas de 47% em um ano, mostram dados do CoinGecko.
Números da Receita Federal mostram como essa queda do Bitcoin e de outras criptomoedas afetou o mercado brasileiro, que encolheu 24% em 2022. Os volumes negociados mensalmente também evidenciam o impacto: o melhor mês de 2022 foi junho, com R$ 13,9 bilhões. Trata-se de um valor próximo a setembro de 2021, o pior mês daquele ano, com R$ 12,8 bilhões negociados.
Criptomoedas na Argentina
O governo da Argentina pode criar normas para supervisionar empresas de criptomoedas, de acordo com a Bloomberg, que cita pessoas com conhecimento direto do assunto.
Entre as regras em estudo pela agência reguladora do país, conhecida como CNV, estaria a chamada prova de solvência, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas. A CNV aguarda uma votação do Congresso que pode lhe dar autoridade de supervisão do setor cripto nas próximas semanas.
“A regulamentação se concentrará nas exchanges, não nos tokens”, disse o presidente da CNV, Sebastian Negri, em entrevista. “A regulamentação entrará em vigor progressivamente, após a aprovação do projeto de lei pelo Congresso”, acrescentou. “Vamos criar um grupo de trabalho com a indústria para chegar a um acordo sobre os novos parâmetros regulatórios, incluindo que as empresas cumpram requisitos de ativos e solvência para respaldar o risco que assumem.”
Negri não quis especificar se a agência pedirá prova de solvência às empresas, dizendo que isso será discutido com a indústria cripto.
Reservas da Lemon Cash
Como parte do esforço de autorregulação, a Lemon Cash, que foi o aplicativo cripto mais baixado na Argentina no ano passado, assumiu o compromisso de publicar sua “prova de solvência”, que inclui reservas e passivos, de acordo com a Bloomberg. Usuários do aplicativo podem monitorar saques em tempo real, bem como ver o valor total e os nomes dos tokens depositados na carteira.
Procurada pela Bloomberg, a Bitso, que também opera no mercado argentino, não quis comentar sobre os planos de regulação. A Ripio não retornou de imediato pedido de comentário.
Crise da Braiscompany
No Brasil, um vereador de João Pessoa (PB) decidiu debater a crise da Braiscompany nesta quinta-feira (9) na Câmara Legislativa, como forma de ajudar investidores prejudicados pelo atraso no pagamento de rendimentos do serviço de locação de criptomoedas da empresa.
“Diante desse quadro que venho acompanhando desde o começo, eu fiquei sensibilizado com a situação de algumas pessoas que passaram a vida inteira economizando, viram uma oportunidade, e agora se encontram num verdadeiro calvário nos últimos dois meses com essa situação da Braiscompany”, disse Odon Bezerra (PSB) ao Portal do Bitcoin.
O vereador vê como positiva a reabertura da investigação sobre as operações da Braiscompany por parte do Ministério Público da Paraíba.
No Distrito Federal, a unidade especial de criptoativos do MP emitiu uma alerta para evitar que investidores caiam em golpes de criptomoedas.
Crise da FTX
Em prisão domiciliar nos EUA, Sam Bankman-Fried (SBF), o ex-CEO da FTX acusado de fraude e uso indevido de dinheiro de clientes, recorreu da decisão do juiz Lewis Kaplan de revelar o nome de duas pessoas que assinaram seu pedido de fiança, avaliada em US$ 250 milhões. Os pais de Bankman-Fried também são fiadores, mas os outros dois nomes foram mantidos sob sigilo.
O juiz Kaplan também decidiu rejeitar um acordo de advogados de SBF com promotores federais para que ele pudesse usar os aplicativos FaceTime, iMessage, Zoom, mensagens de SMS e e-mail, além do WhatsApp para se comunicar com funcionários e ex-colegas da FTX, segundo informação atualizada pelo portal Decrypt.
Bankman-Fried já havia sido proibido de usar aplicativos de mensagens efêmeras, como o Signal, após ter entrado em contato com o diretor jurídico da nova FTX, Ryne Miller, que deve testemunhar no processo contra SBF. Os advogados terão outra chance de convencer o juiz em audiência nesta quinta (9).
Enquanto isso, promotores federais dos EUA querem que a SEC, a CVM dos EUA, e a CFTC (Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities) adiem os processos que acusam Bankman-Fried de fraude até que as investigações criminais sejam concluídas, informou o Decrypt.
A SEC aumentou a investida contra o setor após a quebra da FTX e por isso colocou os criptoativos no foco de sua agenda em 2023.
Outros destaques das criptomoedas
O Conselho de Registros do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) julgou que a Oferta Inicial de Moedas (ICO, na sigla em inglês) da Iconic, uma empresa de blockchain, foi um investimento coletivo irregular por não ter sido registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), segundo o Valor. Em 2018, a Iconic usou os recursos captados por meio do token NIC para implementar o projeto Iconic Ecosystem, uma plataforma que pretende unir empreendedores e investidores de criptoativos.
A Justiça de São Paulo determinou que o perito Anderson Rodrigues Duarte analise se a Binance deve ser responsabilizada pelo prejuízo de um cliente que perdeu dinheiro com o colapso da stablecoin UST, do ecossistema Terra, segundo reportagem do Portal do Bitcoin. A decisão é da juíza Mônica Di Stasi, que assinou o documento em 1º de fevereiro. O investidor, que perdeu US$ 16 mil em UST, diz que a Binance é culpada por não informar sobre os riscos do projeto. A corretora rebate a acusação, dizendo que publicou um aviso explícito sobre o risco envolvido nos investimentos em criptomoedas.
E por falar no projeto Terra, uma delegação de autoridades sul-coreanas viajou para a Sérvia na semana passada para buscar ajuda na caça a Do Kwon, que criou a extinta stablecoin TerraUSD. Em dezembro, a Sérvia emergiu como o possível esconderijo de Kwon, de 31 anos, que enfrenta acusações em sua terra natal, a Coreia do Sul, pelo colapso de US$ 60 bilhões em ativos digitais criados por ele, conforme a Bloomberg.
O ano de 2023 começa marcado pelo aumento da concorrência no mercado de tokens não fungíveis (NFTs), destaca análise do CoinDesk. O marketplace OpenSea tem sido o líder desde seu lançamento em dezembro de 2017 e continua a dominar o cenário de NFTs: na semana passada, registrou mais de 34 mil ETH em volume de negociação, no valor de US$ 56 milhões, de acordo com a plataforma de análise de dados blockchain Nansen. Mas a rival Blur tem atraído muito interesse desde sua estreia em outubro.