A agência de classificação de crédito Moody’s está trabalhando em um sistema para pontuar stablecoins que incluirá uma análise de até 20 moedas digitais estáveis. A classificação será feita com base na qualidade dos atestados das reservas que apoiam as stablecoins.
Conforme noticiou a Bloomberg em reportagem publicada nesta quinta-feira (26), a agência não vai considerar esse sistema como uma classificação de crédito oficial. Além disso, fontes disseram à reportagem que a iniciativa ainda está em seus estágios iniciais. Uma data oficial de lançamento ainda não foi fornecida.
A notícia sobre lançamento do sistema da Moody’s chega em um momento em que essa classe de ativos enfrenta um maior escrutínio por parte de reguladores e de investidores.
As stablecoins são criptomoedas cujo preço equivale ao preço de um outro ativos, como moedas fiduciárias e ouro, por exemplo. A USDT, da Tether, é a maior stablecoin em valor de mercado e tem lastro no dólar dos Estados Unidos. Essa criptomoeda é, ainda, a terceira maior cripto do mercado, ficando atrás apenas do Bitcoin (BTC) e do Ether (ETH). A USDC, por sua vez, emitida pela Circle, é a segunda maior stablecoin e a quarta maior criptomoeda do mercado. Isso mostra a relevância desses ativos no mercado de ativos digitais.
Contudo, apesar da popularidade e da importância desses ativos, as reservas que garantem o lastro das stablecoins sempre foi motivo de questionamentos e polêmicas. Isso porque o valor de mercado desses ativos pode chegar a US$ 54 bilhões – no caso da USDT – e esse valor precisa ter o respaldo correspondente. No caso da USDC, o valor de mercado é de US$ 43,3 bilhões.
A pressão sobre a transparência das stablecoins aumentou ainda mais após o colapso da Terras USD (UST), moeda digital estável da rede Terra (LUNA), que perdeu a sua paridade de 1:1 com o dólar dos EUA em maio do ano passado, após o colapso do projeto como um todo. Mas, mesmo antes disso, já havia bastante desconfiança e pressão sobre esses ativos.
Em 2021, por exemplo, a Tether, emissora da USDT, teve que pagar US$ 18,5 milhões em multas depois que o estado de Nova York descobriu que a empresa havia alegado falsamente que sua stablecoin era totalmente lastreada em 1 para 1 em dólares americanos.
Desde então, a empresa fornece relatórios constantes que – em tese – atestam as reservas que garantem o lastro da moeda digital. Em geral, os atestados de uma empresa externa fornecem a confirmação das declarações de uma empresa. E é com base na qualidade desses relatórios de reservas que a Moody’s fará a sua pontuação de stablecoins.
Lorena Amaro