A Luna Foundation Guard (LFG), entidade por trás do colapso do ecossistema Terra, gastou US$ 2,8 bilhões em criptomoedas tentando defender a paridade da stablecoin TerraUSD (UST). Este resultado veio de uma auditoria terceirizada de JS Held, empresa de consultoria sediada em Nova York.
De acordo com a auditoria, os gastos da LFG com a defesa da paridade começaram em maio, logo antes do colapso da stablecoin. Mas além da LFG, a Terraform Labs (TFL), desenvolvedora da blockchain Terra, também gastou US$ 613 milhões tentando defender a UST.
Conforme noticiou o CriptoFácil, a UST perdeu sua paridade em maio depois de uma série de vendas feitas pelos seus detentores. Em seguida, o colapso da stablecoin afetou todo o mercado da Terra, que perdeu R$ 240 bilhões de valor de mercado em questão de dias.
Além disso, o co-fundador da Terra Do Kwon voltou a falar sobre o episódio do colapso da UST, que muitos compararam com o recente caso da FTX. Mas Kwon afirmou que há diferenças significativas entre os dois episódios.
Uma stablecoin é um ativo projetado para espelhar o valor de outro ativo, geralmente moedas fiduciárias. A UST era uma stablecoin algorítmica, projetada para manter sua paridade com as forças do mercado. Ou seja, ela não tinha lastro em dólares, mas tinha o valor definido por um algoritmo.
Para ajudar a manter o lastro, a LFG começou a comprar quantidades significativas de Bitcoin (BTC) no início do ano. Contudo, a queda no preço da criptomoeda prejudicou o lastro da UST e despertou a desconfiança dos investidores.
Com isso, os detentores da UST começaram a vender a stablecoin em massa para testar a paridade. A LFG, então, começou a vender ativos para tentar conter a desvalorização da stablecoin.
Os esforços da LFG e da TFL acabaram falhando, com o valor da UST caindo 80% em questão de três dias. Com poucas semanas a stablecoin caiu a zero e o ecossistema da Terra, que valia US$ 40 bilhões, atingiu seu fim.
O colapso levou a um contágio generalizado em toda a indústria de criptomoedas, com vários credores, corretores e exchanges entrando com pedido de proteção contra falência devido à exposição ao ecossistema.
Quase seis meses depois, a queda da FTX causou um efeito similar no mercado. Depois que a outrora terceira maior exchange caiu, outras plataformas começaram a bloquear saques por causa da falta de liquidez.
Com isso, a comunidade rapidamente comparou os dois episódios de falência. No entanto, a crise da FTX é diferente da que atingiu a LFG e a Terra. E quem disse isso foi o próprio Do Kwon, criador do ecossistema Terra.
De fato, o colapso da FTX e da UST possui diferenças significativas: um envolve a perda de paridade de uma stablecoin “descentralizada”. Já o outro caso envolveu problemas de custódia com uma plataforma centralizada.
“Embora tenha havido várias falhas recentes em criptomoedas, é importante distinguir entre o caso de Terra e da FTX. No primeiro, uma stablecoin transparente e descentralizada de código aberto falhou em manter a paridade e seus criadores gastaram capital para tentar defendê-la. No segundo houve falha de centralização nas plataformas de custódia onde seus operadores usaram indevidamente o dinheiro dos clientes para ganhos financeiros”, disse Do Kwon, fundador da Terraform Labs.
A localização de Do Kwon é desconhecida depois que a Interpol emitiu um alerta vermelho para as agências de aplicação da lei em todo o mundo.
Luciano Rocha