Um mapa interativo elaborado pelo GeoEconomics Center do Atlantic Council oferece uma visão global sem precedentes da adoção de moedas digitais de banco central.
A ferramenta revela que 81 países já estão explorando as chamadas CBDCs. Segundo a organização, isso representa mais de 90% do PIB global.
A título de comparação, em maio de 2020, o relatório do GeoEconomics Center apontava que apenas 35 países estavam considerando emitir CBDCs. Portanto, trata-se de um aumento de mais de 131% em um intervalo de pouco mais de um ano.
Países do Caribe lançaram suas CBDCs
O mapa revela que cinco países já lançaram totalmente uma moeda digital, sendo que o primeiro foi Bahamas. Os demais são: São Cristóvão e Névis; Antígua e Barbuda; Santa Lúcia e Granada, todos do Caribe.
Dos 76 países restantes, 33 estão em pesquisa, 16 em desenvolvimento e 14 em estágio piloto, incluindo grandes economias como a Suécia e a Coréia do Sul.
Os 10 restantes estão com seus projetos inativos e 2 países (Senegal e Equador) cancelaram seus projetos de CBDC.
Moeda digital da China avança
Entre os países em estágio piloto está a China, que está avançando com seu yuan digital. O país asiático vai, inclusive, permitir que visitantes estrangeiros usem sua CBDC se fornecerem informações de passaporte para o Banco Popular da China nas próximas Olimpíadas de Inverno.
Em junho de 2021, o Banco Popular da China (PBOC) anunciou que o e-RMB (ou renminbi digital) está sendo testado em 21 milhões de carteiras digitais pessoais e em mais de 3,5 milhões de carteiras corporativas.
Brasil: Real digital em desenvolvimento
O Brasil está na lista dos países com moedas digitais em desenvolvimento.
Inicialmente, o Banco Central brasileiro informou que o chamado real digital seria lançado já em 2022. Contudo, após as pesquisas preliminares, o Bacen adiou o lançamento em dois anos para 2024.
Em maio deste ano, conforme relatou o CriptoFácil, o Bacen anunciou as diretrizes gerais para a digitalização do real. De acordo com a autoridade monetária, o movimento faz parte da agenda do Brasil para modernizar pagamentos.
A CBDC do Brasil será voltada para o varejo, terá uma arquitetura híbrida e infraestrutura de registro distribuído (DLT, na sigla em inglês).
Dos países com os quatro maiores bancos centrais (o Federal Reserve dos EUA, o Banco Central Europeu, o Banco do Japão e o Banco da Inglaterra), os Estados Unidos estão mais atrás.
Na verdade, o Fed ainda não se comprometeu oficialmente em lançar um dólar digital.
Pandemia acelerou pesquisa sobre CBDCs
De acordo com Josh Lipsky, Diretor do GeoEconomics Center e conselheiro do FMI, a pandemia de Covid acelerou a pesquisa sobre CBDC:
“Antes da Covid, as moedas digitais do banco central eram em grande parte um exercício teórico. Mas com a necessidade de distribuir estímulos monetários e fiscais sem precedentes em todo o mundo, combinado com o aumento das criptomoedas, os bancos centrais perceberam rapidamente que não podem deixar a evolução do dinheiro passar por eles”, disse
Segundo o GeoEconomics Center, há muitas vantagens em explorar as moedas digitais. As CBDCs são mais eficientes em termos de custos; podem promover inclusão financeira; podem competir com empresas privadas e podem ajudar a política monetária a fluir de maneira mais rápida e contínua.
Por outro lado, há alguns desafios. Afinal, a centralização, por meio do governo, pode criar riscos de segurança cibernética. Além disso, é preciso atualizar os processos regulatórios para lidar com as novas formas de dinheiro.
Acredita-se ainda que um sistema de moedas digitais possa colocar em risco a hegemonia econômica dos EUA.
Lorena Amaro