O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse nesta semana em um seminário da Folha de S. Paulo que os dados do Open Banking são um ativo valioso e que podem gerar receita.

O Open Banking é o sistema do Banco Central que vai permitir a portabilidade de todos os dados financeiros dos cidadãos ligados a bancos e fintechs, com a possibilidade de integração de toda a vida financeira em uma só plataforma.

Campos Neto levantou algumas questões quanto aos dados financeiros, cada vez mais valiosos em um mundo digitalizado:

"Os dados produzidos são um ativo muito valioso, difícil de ser mensurado. Geram receita e não pagam imposto. Qual vai ser a intermediação financeira do futuro? Por qual canal? As pessoas vão entrar no banco via mídia social ? Vão virar um canal só?"

Ele também diz que o mercado financeiro ainda não sabe como será a intermediação monetária do futuro, mas que as redes sociais podem se tornar canais de acesso para as entidades financeiras. Até a possibilidade de uma rede social dedicada a dados financeiros não está descartada.

O presidente do BC também destacou que grandes empresas de tecnologia e social media estão aderindo ao sistema financeiro:

"No Brasil temos o WhatsApp Pay e em outros países vemos movimentos parecidos. Há uma disputa no mercado de dados"

E voltou a falar sobre a monetização dos dados financeiros da população:

"Uma outra discussão é sobre como monetizar os dados, gerar dinheiro. A informação é muito relevante, grande parte do negócio é o quanto eu conheço meu cliente. Se eu conheço [o consumidor], posso oferecer produtos melhores, sob medida. Além disso, conheço o risco, posso apreciar melhor. Isso vai fazer com que os preços dos produtos caiam"

Campos Neto ainda disse que um eventual novo sistema para capitalizar os dados financeiros precisará garantir a proteção e a autonomia dos usuários e seus dados.

Como noticiou o Cointelegraph Brasil, a implementação completa do open banking no Brasil foi adiada de agosto de 2021 para setembro de 2022.