A atualização Taproot entrou numa fase crucial de aprovação no Bitcoin (BTC). Neste momento, mais de 70% dos mineradores já sinalizaram seu apoio à mudança. Sua ativação pode ocorrer ainda nesta semana, após o ajuste de dificuldade previsto para o dia 13 de junho.
Para que o Taproot seja aprovado, é preciso a aprovação de 90% dos 2.016 blocos minerados durante o ajuste de dificuldade, que geralmente dura duas semanas. Atualmente, já foram minerados 1.486 blocos.
Isso significa que 329 blocos dos 503 que ainda serão minerados precisam sinalizar apoio ao Taproot. Por enquanto, apenas 27 blocos sinalizam rejeição à atualização.
Como apenas 27 blocos rejeitaram a atualização, a tendência é que ela seja aprovada conforme o planejado. O Taproot, porém, ainda é cercado por dúvidas.
Antes de mais nada, a sinalização de apoio ao Taproot não implica em aprovação imediata. Caso seja aprovado agora, o mecanismo de ativação do Taproot será implementado na próxima atualização do software Bitcoin Core.
Em seguida, o protocolo segue para a fase de implementação. Esta fase terá 5 meses até a implementação final do Taproot no bloco 709.632, cuja mineração está prevista para novembro.
Todos os grandes pools de mineração já sinalizaram apoio total. Portanto, a implementação do Taproot deverá ocorrer sem grandes conflitos, ao contrário da implementação do SegWit em 2017.
Privacidade e custos menores são duas das principais novidades do Taproot, e ambas surgem como resultado da forma como as transações serão executadas. Em primeiro lugar, o Taproot introduz mudanças na forma como são realizadas as assinaturas de uma transação.
Para isso, o Taproot oferece outra tecnologia: o Schnorr, que realiza a compactação dessas assinaturas. Simultaneamente, o Schnorr reforça a privacidade da rede e reduz os gastos, ainda mais no caso de transações que requerem múltiplas assinaturas (MultiSign).
Atualmente, as transações requerem assinaturas únicas por parte de seus remetentes. Com isso, os custos acabam ficando maiores, pois cada assinatura é reconhecida como uma transação.
As assinaturas Schnorr, ao contrário, condensam as assinaturas de múltiplas transações em uma só. Logo, a transação é registrada na blockchain como uma operação ao invés de três.
Esta melhoria tende a beneficiar quem precisa utilizar carteiras com mais de uma assinatura, como fundos de investimento, empresas e carteiras de exchanges, por exemplo. Outros tipos de transações podem se beneficiar e ver seus custos reduzidos.
Além de reduzir os custos, a condensação de assinaturas fornece uma camada a mais de privacidade, visto que os endereços individuais das partes envolvidas permanecerão ocultos.
O Taproot inclui uma camada de intermediário entre as transações, cujo nome é Coinswap. Junto com o Schnorr, elas adicionarão camadas de privacidade nas transações, dificultando o rastreio até o usuário final.
Como mostrado, as transações de BTC – especialmente mais complexas – terão seu tamanho reduzido com o Schnorr. Se as transações reduzem de tamanho, os blocos do BTC passam a comportar mais espaço mesmo mantendo seus 1MB de capacidade.
Em suma, o antigo problema do “tamanho do bloco” é resolvido sem precisar de grandes mudanças no protocolo. Afinal, o Taproot não requer uma grande divisão da rede para ser implementado.
O Taproot pode fazer o BTC finalmente ganhar tração e começar a ser utilizado em larga escala. Conforme nações já começam a adotá-lo como meio de pagamento, o Taproot ganha ainda mais importância no contexto atual.
Luciano Rocha
