É sempre aconselhável diversificar os investimentos, mas ao fazê-lo nem todos os ativos são iguais. Vários ativos preenchem funções diferentes em seu portfólio, e a diversificação adequada é como uma orquestra: todas as funções devem ser preenchidas.
Se o seu objetivo é aumentar o seu portfólio, uma grande parte dele deve estar no que é chamado de "ativos de risco". Esses ativos têm maior risco associado a eles, portanto são voláteis, mas em troca do risco, essa volatilidade compensará o investidor com potencial de crescimento. Um ativo de risco clássico são as ações.
Do outro lado da equação, você tem ativos que são "reservas de riqueza" e que concedem segurança ao investidor. Os dois ativos mais usados nesse fim atualmente são: O ouro e o Bitcoin.
Em maio, quando o Bitcoin estava operando na faixa dos US$ 30 mil, o JP Morgan afirmou que os investidores estavam preterindo o Bitcoin e rumando em direção ao ouro.
A volatilidade excessiva do Bitcoin não favorece gestores de fundos que precisam de estabilidade para ter gerência sobre os ativos em custódia e o Bitcoin é instável demais para esses fundos. Portanto, nesses casos onde os fundos são obrigados a investirem em ativos mais seguros, em um cenário onde a inflação americana está em alta, o dólar em desvalorização e os títulos públicos entregando baixa valorização, o caminho natural para essas instituições é investir em ouro.
Tradicionalmente, o ouro tem sido uma parte essencial de qualquer portfólio de riqueza, pois não está diretamente vinculado aos bancos ou à economia e retém valor. Quando há uma crise econômica, uma desvalorização do dólar ou a ameaça de aumento da inflação, o ouro sobe de valor à medida que ativos de risco, como ações ou o dólar, diminuem de valor.
Fonte: Yahoo! Finance
De acordo com o gráfico acima, o ouro segue em alta, em linha azul e o Bitcoin em rosa em queda.
Bitcoin e, em menor grau, outras criptomoedas, estão agora sendo vistos sob uma luz semelhante a reservas de riqueza, embora tenham começado como alternativas à moeda fiduciária e não investimentos. Mas essa visão é ultrapassada, os criptoativos são essencialmente instrumentos de investimento e é assim que o mercado as têm tratado.
O Bitcoin já foi apelidado de "ouro digital". Mas essa comparação é válida? Vários fundos e instituições financeiras agora incluem moedas digitais como parte de seus portfólios à medida que se tornam mais convencionais.
Embora ambos os ativos possam ser usados e tenham sido usados como moeda, nenhum deles é ideal.
As pessoas trocavam e pagavam por mercadorias com ouro por milhares de anos, mas isso simplesmente não é prático no mundo moderno.
Em um mundo essencialmente digital, o ouro também não pode ser transferido digitalmente de uma parte do globo para outra, algo que se tornou cada vez mais necessário desde o surgimento da internet. Algo que torna o Bitcoin a versão melhor do ouro com características da internet.
Podemos alternar entre ouro e moedas digitais como uma proteção contra a volatilidade do mercado e a inflação? Seu valor intrínseco vem do fato de que ambos são finitos.
Existe apenas uma certa quantidade de ouro no planeta, e o Bitcoin, por exemplo, tem um limite de 21 milhões de moedas que existirão.
Outro aspecto a considerar é que, apesar de serem apelidadas de “ouro digital”, as criptomoedas tendem a se comportar de maneira diferente do ouro real quando o mercado fica em baixa.
Joseph Sherman, cofundador e CEO da Gold Alliance, explica: “Quando há uma desaceleração econômica, ou a inflação parece provável, o preço do ouro tende a funcionar inversamente ao do mercado. Os investidores veem o valor real da parte ouro de sua carteira quando o mercado entra em queda.
Até agora, as evidências parecem mostrar que, apesar de sua suposta independência, as flutuações da moeda digital estão diretamente relacionadas às tendências do mercado, tornando-as um ativo de risco - o oposto de como o ouro se comporta como reserva de riqueza.
Mais recentemente, foi a repressão aos criptoativos da China e as mudanças na política de Tesla, então, conforme um investidor esteja olhando para partes de seu portfólio, as criptomoedas devem estar no lado de alto risco e não no lado do estoque de riqueza. Pensaria um típico investidor de ouro, por exemplo o Peter Schiff. Um grande investidor de ouro e opositor ferrenho do Bitcoin.
Por enquanto, o ouro é, sem dúvida, o ativo mais seguro para os investidores. A flutuação das criptomoedas pode ser adequada para aqueles com grande apetite por risco, mas para muitos portfólios, elas são desaconselháveis.
LEANDRO FRANÇA DE MELLO