Larry Fink, CEO da gestora BlackRock, aproveitou o hype em torno do ETF spot de Bitcoin (BTC) para tecer elogios à criptomoeda em rede nacional. Durante uma entrevista para a Fox Business, Fink listou uma série de elogios ao BTC, desde “ativo internacional” até “proteção contra a inflação”.
Mas é claro que Fink não fez elogios apenas ao BTC e aproveitou para falar sobre o ETF. E como todo gestor, Fink puxou a corda para a BlackRock afirmando que um ETF nos Estados Unidos poderia tornar o investimento em Bitcoin menos dispendioso e “democratizar as criptomoedas”.
O mais surpreendente é a mudança na postura de Fink em relação ao BTC. No passado, o executivo chegou a duvidar da criptomoeda e dizer que os criptoativos em geral “não possuíam credibilidade”. Em 2018, Fink disse que era isso que faltava para a aprovação de um ETF – e ele aparentemente mudou de ideia.
Os reguladores estadunidenses ainda não aprovaram um ETF spot, somente de futuros. Por isso, os investidores aguardam ansiosamente, já que um ETF spot permite uma exposição direta ao BTC. No entanto, a BlackRock tem um excelente histórico de aprovação de ETFs: 575 aprovações contra apenas uma recusa, o que fez o mercado se animar com o pedido da gestora.
Durante a entrevista para a Fox Business, Fink observou que as transações BTC ainda são muito caras. De acordo com o CEO da BlackRock, comprar Bitcoin diretamente tem custos e limitações que afastam os grandes investidores do mercado. Nesse sentido, um dos objetivos do ETF da BlackRock é remover esse fardo para os investidores.
“O que estamos tentando fazer com o Bitcoin é torná-lo mais democratizado e muito mais barato para os investidores. Custa muito dinheiro agora para transacionar Bitcoin. Esperamos que nossos reguladores vejam esses registros como uma forma de democratizar as criptomoedas”, disse Fink.
Não é a primeira vez que a BlackRock se aventura em um ETF de BTC nos EUA: a empresa já fez esse pedido em 2022. Só que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) rejeitou esta e outras propostas. Neste ano, a SEC pediu que as gestoras acrescentassem mais detalhes aos seus ETFs de BTC, algo que a BlackRock fez imediatamente.
Fink também se juntou à lista de indivíduos proeminentes que pensam que o Bitcoin é semelhante ao ouro digital. Mais especificamente, o CEO afirmou que as pessoas poderiam distribuir parte de sua riqueza em BTC em vez de ouro, como uma proteção contra a inflação e proteção contra a desvalorização de muitas moedas nacionais.
Por fim, Fink classificou o BTC como um “ativo internacional”. Ou seja, algo que não depende de nenhum país. E por causa disso, o Bitcoin estaria livre dos riscos individuais de qualquer economia do planeta.
“Bitcoin é um ativo internacional. Não é baseado na moeda de ninguém e, portanto, pode representar um ativo que as pessoas podem jogar como alternativa”, acrescentou.
Ao contrário de sua visão atual sobre a indústria cripto, Fink não estava nem perto de apoiá-la no passado, chamando o BTC de “índice de lavagem de dinheiro” em 2017. O CEO da BlackRock ecoava a opinião de muitas pessoas que associavam o BTC a prática de crimes – algo que os dados históricos mostram ser incorreto.
“Bitcoin apenas mostra quanta demanda por lavagem de dinheiro existe no mundo. Isso é tudo”, disse Fink na época.
Já em 2020, Fink começou a mudar seu ponto de vista ao dizer que o desenvolvimento do setor de ativos digitais poderia minar o domínio do dólar americano como moeda de reserva mundial.
Fink suavizou sua postura no ano passado, revelando que a BlackRock começou a “estudar moedas digitais, stablecoins e as tecnologias subjacentes para entender como elas podem nos ajudar a atender nossos clientes”.
Em sua entrevista mais recente para a Fox Business, ele explicou que sua reação inicial em relação ao setor foi porque “era muito usado para, digamos, atividades ilícitas”. Conforme seu pensamento mudou, os investidores passaram a agradecer as iniciativas da BlackRock neste mercado.
Luciano Rocha