Kristalina Georgieva, a Diretora Administrativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), revelou os planos de uma moeda digital (CBDC) internacional, em um evento em Marrocos.
Em uma visita ao país, ela destacou que a Seleção de Futebol de Marrocos apresentou o país ao mundo na última Copa do Mundo, quando terminou o torneio na quarta colocação.
Assim, ela destacou que estava feliz por voltar ao país, desta vez para falar de economia e finanças.
E um dos tópicos mais importantes discutidos pela Diretora do FMI envolve a forma que os países africanos podem se beneficiar das CBDCs. Mesmo assim, ela declarou que as tecnologias podem trazer muitos riscos associados aos benefícios.
Diretora do FMI defendeu que moeda digital internacional conte com participação de vários países para melhorar integração de transações com CBDCs
Cada país desenvolve sua própria CBDC, pelo menos é o que indica os recentes desenvolvimentos públicos de tecnologias assim. No Brasil, por exemplo, uma versão do Real digital está em desenvolvimento pelo Banco Central, que aguarda lançar a moeda até no máximo no final de 2024.
Mas cada projeto tem seus próprios objetivos e tecnologias, o que poderá dificultar uma futura integração dos meios de pagamentos.
De acordo com a Diretora do FMI, Kristalina Georgieva, as CBDCs não podem ter seus lançamentos de forma fragmentada. Em sua opinião, a tecnologia deve contemplar a interoperabilidade entre os países, para facilitar remessas internacionais baratas e rápidas.
Com isso, ela declarou que o FMI está trabalhando em um conceito de moeda digital internacional com CBDC. Não está claro, contudo, se o projeto pode atrapalhar os planos das atuais CBDCs nacionais, como o Real digital, mas tudo indica que uma nova rodada de discussões deve ocorrer nas próximas reuniões anunciais do FMI e do Banco Mundial em 2023.
A diretora do FMI lembrou que o atual momento envolve aproveitar a transição da economia para formatos digitais. Assim, o FMI espera criar um projeto de moeda digital internacional com colaboração entre países.
Contudo, ela reconheceu, em uma nota divulgada para imprensa, que uma CBDC mal projetada apresenta sérios riscos. Dentre eles, o risco de integridade financeira de um país, privacidade dos dados e riscos cibernéticos.
“Aproveitar a transição digital também é um tema-chave das nossas reuniões anuais de 2023. Nas minhas observações, eu enfatizei que os CBDCs poderiam ajudar a aumentar a inclusão dando a mais pessoas acesso a serviços financeiros e a um custo menor, fortalecer a resiliência e a eficiência de sistemas de pagamento e marca pagamentos e remessas transfronteiriças mais baratos e rápidos. No entanto, se mal projetados, os CBDCs também podem levar a riscos de estabilidade financeira, privacidade de dados e desafios legais, integridade financeira e riscos cibernéticos e riscos operacionais do banco central.”
Outro ponto abordado por Kristalina envolve o fato de tornar as transações do sistema financeiro mundial mais descentralizadas.
Contudo, ela teme que uma realidade assim leve a uma situação de substituição de moeda, situação em que uma população passa a utilizar uma outra moeda internacional como padrão, ao invés da emitida pelo banco central nacional.
“Além disso, os CBDCs poderiam reduzir o número de intermediários nos pagamentos transfronteiriços, promover a concorrência e aumentar a transparência. No entanto, o fácil acesso a CBDCs estrangeiros pode levar a riscos de substituição de moeda e volatilidade do fluxo de capital.”
De qualquer forma, a novidade é uma medida pensada pelo FMI, em conjunto com bancos centrais e outras autoridades, para conter o crescimento das transações de criptomoedas, principalmente do Bitcoin. No Brasil, o próprio projeto do Real digital pretende utilizar a tecnologia blockchain, apresentada pelo Bitcoin em 2009 como uma solução eficiente.