Quem apostou que a crise atual iria derrubar o preço do Bitcoin (BTC) errou feio, pelo menos no curto prazo. A despeito da crise no setor bancário dos Estados Unidos, a maior criptomoeda do mundo registra alta de 16,42% nas últimas 24 horas, o que levou o preço a voltar aos patamares de US$ 24 mil.

O BTC abriu o dia valendo cerca de US$ 21.300, mas após o anúncio de que o Tesouro iria cobrir os depósitos do banco SVB o mercado disparou. Praticamente todas as criptomoedas do Top 100 registraram fortes valorizações.

Como resultado da alta do BTC, o Ether (ETH) sobe 12,26%, cotado a US$ 1.661, enquanto a BNB se valoriza 11%. Nas stablecoins, a USDC abriu em alta de 3,86% e praticamente recuperou sua paridade com o dólar.

Quais as razões?

As razões para a alta ainda não estão claras, principalmente porque as criptomoedas costumam cair durante períodos de agitação nos mercados financeiros. Mas tudo indica que o anúncio do resgate ao SVB motivou a valorização.

O banco conta com a proteção do FDIC, uma espécie de seguro contra quebras bancárias nos EUA. Só que apenas 3% dos depósitos dos bancos estavam cobertos pelo limite do seguro. Ou seja, 97% dos clientes perderiam tudo com a falência do banco.

Para evitar um “risco sistêmico”, o governo dos EUA resolveu garantir todos os depósitos do SVB, o que animou o mercado. E sempre que o Fed age, as criptomoedas tendem a se apreciar de valor face à perspectiva de perda de valor do dólar.

“O Bitcoin está liderando o mercado porque há um grupo de investidores que reconhece a fragilidade do banco central e das soluções que o BTC oferece”, disse Sean Farrell, cefe de ativos digitais da FundStrat.

Vendedores se deram mal

Por causa da valorização do BTC, quem estava apostando na queda dos preços enfrentou fortes perdas. De acordo com dados da Coinglass, os traders liquidaram US$ 300 milhões em posições vendidas nesta segunda-feira.

Um total de US$ 140 milhões dessas liquidações foram de BTC, com US$ 160 milhões em posições vendidas. O resgate ao SVB mostra que existe uma ligação, por mais tênue que seja, entre os mercados tradicionais e criptomoedas.

“É aqui que o mercado acredita agora que os trilhos entre criptomoedas e mercados tradicionais desapareceram. Portanto, vemos traders comprando o que resta do mercado e dispostos a pagar um prêmio”, disse Laurent Kssis, consultor de negociação de cripto da CEC Capital.

O aumento no preço também ocorre quando o presidente Joe Biden disse que pediria ao Congresso e aos reguladores bancários para fortalecer as regras para as instituições financeiras após o colapso do SVB e do Signature Bank, que foi liquidado ainda no fim de semana.

Luciano Rocha