Em meio aos acontecimentos recentes do mercado, os investidores passaram a desconfiar de colapsos em todos os setores. Nem mesmo os tokens embrulhados escaparam do risco, sobretudo o famoso Wrapped Bitcoin (WBTC).
O WBTC é um token de Bitcoin (BTC) que funciona na rede Ethereum, ou seja, ele tem como lastro a maior criptomoeda do mundo. Por isso, o valor do WBTC geralmente é igual ou bastante próximo ao do BTC.
De acordo com dados da Delphi Digital e da Dune Analytics, a quantidade de WBTC em circulação diminuiu e atingiu sua mínima histórica em novembro. Isto é, os investidores passaram a resgatar seus tokens em troca do BTC em si.
A princípio, tal informação é vista como problemática por causa dos riscos do WBTC não ter lastro suficiente. Mas no caso do token, a diminuição dessa oferta é um fator muito positivo.
Quantidade de WBTC em circulação está diminuindo. Fonte: Delphi Digital.
Conforme os dados da Delphi Digital, os resgates de WBTC atingiram um total de 30,6 mil tokens apenas no mês de novembro. Este foi o maior valor resgatado desde o lançamento do token.
Desde então, o fornecimento de WBTC caiu mais de 24% e pode cair ainda mais. Afinal, dezembro registrou um resgate de 29,1 mil WBTC até o dia 17. Portanto, é muito provável que os resgates desse mês quebrem um novo recorde.
O maior resgate de WBTC em um único dia ocorreu em 15 de dezembro de 2022, quando a rede queimou 13,6 mil WBTC, ou quase R$ 1,2 bilhão. Mas três dos quatro maiores resgates diários já ocorreram em dezembro, todos realizados pelo formador de mercado Wintermute.
Por ser um token embrulhado, o valor do WBTC está nas reservas de BTC que dão lastro ao token. Esta garantia do WBTC é mantida sob custódia pela BitGo. A cunhagem e o resgate do WBTC são realizados por comerciantes aprovados, normalmente criadores de mercado e exchanges.
O fato do WBTC ter registrado recorde de resgates não parece algo positivo, mas isso, na verdade mostra a resiliência do token. Afinal, mesmo com os aumentos sucessivos, o WBTC segue redimindo as operações normalmente.
Além disso, a transparência do WBTC ajudou o projeto a ganhar ampla adoção e confiança. Os usuários podem verificar facilmente, através da blockchain, a oferta de WBTC versus a quantidade de BTC mantida sob custódia e, dessa forma, saber se o token possui lastro ou não.
Isso minimiza a possibilidade de uma “corrida ao banco” no WBTC devido a uma crise de confiança, o que, aí sim, poderia acabar com o token. Os participantes do mercado provavelmente estão convertendo WBTC em BTC para vender os tokens ou custodiar seus próprios BTC.
Luciano Rocha