A Receita Federal divulgou um novo relatório com dados sobre declarações de criptomoedas no Brasil. O documento abrange os dois primeiros meses de 2021 e traz alguns dados interessantes.
Desde 2019, a declaração de criptomoedas no Imposto de Renda é obrigatória no Brasil. Com isso, o Fisco consegue ter acesso a uma ampla base de dados, inclusive de perfil dos contribuintes.
Além do Bitcoin, o relatório traz dados sobre diversas criptomoedas. Vale destacar que em 2021, a Receita Federal diferenciou o Bitcoin de outros criptoativos na declaração. Isso tende a ajudar na diferenciação e compilação dos dados.
Em janeiro, os brasileiros negociaram cerca de R$ 15,3 milhões em criptomoedas. Já no mês de fevereiro, o valor foi ligeiramente maior: R$ 15,9 milhões.
Com isso, foram negociados R$ 31,2 milhões de criptomoedas. O documento traz dados apenas de janeiro e fevereiro deste ano.
A maior parte desse valor foi declarado pelas exchanges. Foram R$ 12,7 milhões declarados em janeiro e R$ 13,2 milhões em fevereiro. Já entre as pessoas físicas, os valores declarados foram de R$ 14,9 mil e R$ 26 mil em janeiro e fevereiro, respectivamente.
Os números de exchanges foram maiores do que os declarados no mesmo período de 2020. Já nas pessoas físicas houve uma queda no volume negociado sem o uso de exchanges.
Ao mesmo tempo, houve aumento no volume negociado em exchanges no exterior. Isso pode ser explicado pela diferença de preço ou pelo crescimento de plataformas estrangeiras no Brasil, como a Binance.
O número de pessoas que declararam criptomoedas também cresceu de 2020 para 2021. Isso pode ser visto pelo número de CPFs únicos que declararam criptomoedas.
Em janeiro, o número atingiu 351 mil CPFs. Já fevereiro teve 70 mil CPFs a mais, atingindo a marca de 421 mil. Os números cresceram em relação a janeiro e fevereiro de 2020, que tiveram 105 mil CPFs em cada mês.
A título de comparação, apenas o mês de fevereiro de 2021 teve mais CPFs do que os quatro primeiros meses de 2020. Também foi a primeira vez que foram registrados mais de 300 mil CPFs negociando criptomoedas.
Quanto ao perfil dos investidores, a maioria absoluta das operações continua sendo feita por homens. Os dados para os dois primeiros meses de 2021 são os seguintes:
O Bitcoin (BTC) segue dominando o mercado brasileiro. Em janeiro, a criptomoeda movimentou R$ 7,9 bilhões em negociações. Já em fevereiro houve uma queda, levando o volume para R$ 7,1 bilhões.
No total, o Bitcoin movimentou R$ 19 bilhões nos dois primeiros meses do ano. O valor é mais que o dobro dos R$ 7,8 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Já o Ethereum (ETH) registrou R$ 1,57 bilhão em janeiro e R$ 1,54 bilhão em fevereiro. O valor total foi de R$ 3,11 bilhões, mais de 30 vezes superior aos R$ 109 milhões registrados em janeiro e fevereiro de 2020.
Até mesmo a Dogecoin (DOGE) estava na lista, sendo pouco surpreendente, tendo em vista os repetidos picos nos últimos meses. Ela registrou um valor total de R$ 211 milhões negociados em janeiro e fevereiro deste ano.
A título de comparação, o valor total das operações com DOGE em 2020 inteiro foi de R$ 13,4 milhões. Ou seja, a criptomoeda negociou em 2 meses quase 20 vezes do total de um ano inteiro.
Os dados também mostram que o início de 2021 foi bastante promissor para o mercado. Ao menos no Brasil, a valorização das criptomoedas foi seguida de um forte aumento no volume.
Luciano Rocha