Existe uma máxima dos mercados financeiros que diz: compre na baixa e venda na alta - jamais faça o contrário. Mas até este mandamento clássico da inteligência financeira o Bitcoin (BTC) é capaz de subverter.
Ele não deixa de ser válido para a maior criptomoeda do mercado. No entanto, mesmo investidores tomados pelo FOMO (fear of missing out - ou medo de ficar de fora em tradução literal) que acabam cedendo aos impulsos de comprar Bitcoin logo depois que ele rompe máximas históricas e o seu preço está próximo do topo acabam acumulando lucros no médio e no longo prazo.
"A história mostra que comprar Bitcoin mesmo depois de atingir um novo recorde histórico tem sido uma estratégia lucrativa", afirma o mais recente boletim da NYDIG, empresa de investimentos em criptomoedas. Pelo menos desde 2013 tem sido assim - e os números abaixo são a prova disso.
Retornos posteriores a novas máximas históricas do Bitcoin. Fonte: NYDIG
Para ilustrar a tese, vamos relembrar a quebra da máxima histórica do Bitcoin em 30 de novembro de 2020. Naquele dia, o BTC finalmente superou os US$ 19.783 alcançados há quase três anos atrás, em 17 de dezembro de 2017.
Um mês depois do novo topo histórico, o BTC estava cotado a US$ 28.875, acumulando uma variação positiva de 48%. Três meses depois, a valorização era de 131%.
E seis meses depois, em 30 de abril deste ano, mesmo em tendência de baixa após ter estabelecido um novo recorde histórico em US$ 64.854, sob ataque da China e de Elon Musk, o lucro seria de 90%.
No fim deste mês completa-se um ano da quebra do recorde de preço de dezembro de 2017 e os hodlers que mantiveram suas posições desde então não correm nenhum risco de ter prejuízos, embora o tamanho do lucro ainda esteja por ser calculado.
Levando-se em conta preço do BTC no instante em que este texto está sendo escrito - US$ 64.300 -, o rendimento, hoje, seria de 222%.
Com algumas variações, a renovação de máximas históricas em 2013 e 2017 revelam o mesmo padrão: para o alto e avante, com exceção do primeiro mês que se seguiu ao novo recorde de preço de fevereiro de 2017. A típica exceção que confirma a regra.
Depois de romper a marca de dezembro de 2017, o Bitcoin manteve uma tendência de alta exponencial até 14 de abril, quando alcançou US$ 64.854, fixando o novo recorde a ser batido.
Na sequência veio uma queda dolorosa que derrubou o BTC abaixo dos US$ 30.000. Após um fechamento pouco acima dos US$ 43.000 em setembro, outubro marcou uma recuperação fulminante da maior criptomoeda do mercado. Desde então os bitcoiners já comemoraram duas novas máximas históricas em um período de 20 dias, resetando o jogo e levantando outra vez a questão: deve-se comprar Bitcoin quando ele encontra-se no topo?
Lucros passados não garantem rendimentos futuros, mas uma análise dos ciclos anteriores mostra que comprar Bitcoin mesmo depois da consolidação de novos recordes históricos tem sido uma estratégia vencedora.
Analisando o comportamento da ação de preço do BTC depois ao longo dos anos, verifica-se que o movimento atual guarda semelhanças com o padrão de topo duplo de 2013. Na ocasião, o Bitcoin levou 31 dias após renovar a antiga máxima histórica para bater no pico definitivo daquele ciclo de alta. Na ocasião, o novo recorde foi registrado em um valor 5,2 vezes acima do anterior.
Ação de preço do Bitcoin após retomada de máximas históricas. Fonte: Pantera Capital
Uma ação de preço semelhante agora poderia levar o BTC para além de US$ 300.000 antes da chegada de um novo inverno cripto.
No entanto, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, analistas acreditam que os ciclos de quatro anos baseados no halving podem estar com os dias contados. Daqui para frente, a volatilidade no preço do BTC deve diminuir, implicando ao mesmo tempo em correções mais suaves e lucros menos exponenciais.
CAIO PRATI JOBIM