As inovações tecnológicas dos criptoativos, afirma o FMI, estão possibilitando uma nova era nos métodos de pagamento: “mais baratos, rápidos, acessíveis e permitem o fluxo mais fácil entre países”, define o Fundo.
“DeFi (Finanças Descentralizadas) pode se tornar uma plataforma para mais inovação, inclusão e transparência nos serviços financeiros”, aponta o órgão.
Segundo o FMI, a maior adoção de criptoativos por países em desenvolvimento pode trazer benefícios, mas também apresenta um risco financeiro macro: a criptonização da economia. Isso ocorre quando os habitantes de um país perdem confiança na sua moeda e começam a buscar outros meios de reter valor.
Até então, esse fenômeno era visto quando a debandada se dava para o dólar e era chamdo de “dolarização” da economia. No relatório de outubro o FMI passa a tratar da “criptonização” (“cryptoization”, em inglês no original).
“A adoção de um criptoativo como principal moeda nacional implica riscos graves e é um corta caminho que deve ser evitado”, ressalta o FMI.
Os riscos são de ordem estabilidade macro-financeira do país, segurança do sistema, proteção ao consumidor e ao meio-ambiente, adiciona o Fundo.
Um dos pontos que é sempre dito por analistas financeiros é de que uma carteira diversificada é a melhor estratégia. E que, quanto menos o ativo tiver correlação, melhor. Ou seja, ações de empresas norte-americanas e o mercado imobiliário daquele país, por exemplo, tendem a subir e descer juntos. Isso significa que são muito correlatos.
As criptomoedas em geral são vistas como muito pouco correlatas, mesmo entre si. O Bitcoin pode cair, enquanto o Ether pode estar em movimento de alta. Isso tem sido um grande trunfo nos conselhos para se investir em cripto, e até a revista The Economist conduziu um estudo demonstrando o valor da estratégia.
Mas em seu relatório, o FMI afirma que os criptoativos não são tão pouco correlacionados como se pensa.
“Embora isso seja verdade até certo ponto, a correlação entre criptoativos e algumas outras classes de ativos importantes aumentou significativamente durante os episódios recentes de estresse do mercado (por exemplo, a liquidação ocorrida durante a pandemia do Covid-19 em 2020). O benefício da diversificação também pode diminuir com o tempo se instituições e pessoas com grandes quantidades de cripto continuarem sendo afetados por fatore comuns do mercado” houver envolvimento contínuo de detentores institucionais que são afetados por fatores comuns”.
O FMI lembra que o Bitcoin continua sendo o criptoativo dominante, mas que seu domínio de mercado caiu de forma acentuada em 2021: de 70% para menos de 45%.
“Tem crescido o interesse do mercado por novas blockchains que usem smart contracts e sejam capazes de resolver problemas das blockchains mais antigas, como escalabilidade e sustentabilidade. O maior proeminente é o Ether, que passou o Bitcoin em número de transações em 2021″, diz o FMI.
1 – Agentes regulatórios dos países devem priorizar a implementação de padrões globais para os criptoativos;
2 – Reguladores devem controlar os riscos dos criptoativos, especialmente em áreas de importância sistêmica;
3 – Coordenação entre agências regulatórias dos países é a chave para a fiscalização e aplicação de normas;
4 – Os entes regulatórios devem resolver as áreas onde existem falta de dados e monitorar o ecossistema de criptoativos para melhorar suas decisões políticas;
5 – As regulações devem ser proporcionais ao risco quando se lida com stablecoins;
6 – Ainda sobre stablecoins: coordenação é necessária para implementar recomendações em áreas de grande risco; aumentar a transparência, realizar auditorias independentes das reservas, fixar regras claras para os administradores dessas redes;
7 – Criar políticas de “desdolarização”, incluindo uma maior credibilidade da política econômica, uma sólida política fiscal e a implementação de CBDCs (moedas digitais de Bancos Centrais);
8 – Restrição de de fluxo de capitais precisa ser reconsiderada levando em conta a efetividade, supervisão e capacidade de ser colocada em prática;
Fernando Martines