As criptomoedas estão crescendo muito além dos investimentos.
Na visão de Lucas Schoch, CEO da Bitfy, uma parte das criptomoedas vai ajudar a acelerar a adoção cripto como meios de pagamento.
“Acredito que nos próximos dois anos, as criptomoedas devem crescer como investimento e as stablecoins como meio de pagamento. Além disso, as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) devem se tornar realidade, talvez em um prazo um pouco maior, entre cinco e dez anos”.
A afirmação foi feita em entrevista ao Panorama Crypto.
Schoch falou como ele enxerga o mercado crypto atualmente:
“Atualmente, já existem soluções para usar criptoativos como meios de pagamento nas mais diversas situações, sem a necessidade de intermediários. Mas, para mim, é muito claro que estamos surfando algumas ondas, com alguns usos que não devem se consolidar, como no caso de alguns jogos, além do boom de corretoras, muitos ICOs. Algumas moedas já sumiram, outras não resolvem problema nenhum, embora existam até hoje. Isso indica que as pessoas estão olhando para cryptos muito como ativo de investimento.”
Sobre os mecanismos de pagamento, Schoch falou:
“Ao mesmo tempo, a tecnologia evoluiu, foram criados mecanismos pensados em pagamentos, por exemplo. Então, uma stablecoin nada mais é do que uma moeda que está pareada a uma moeda fiduciária, como o dólar ou o real, no caso do BRZ, mas tem como vantagem a blockchain por trás, que garante a segurança, e o fato de não ter fronteiras. Este é o momento das stablecoins crescerem, por causa de taxas mais baratas e menor volatilidade.”
Com relação às CBDCs, o CEO deu um prazo para que se tornem realidade?
“Ao mesmo tempo, os bancos também começaram a olhar para essa tecnologia, e daí estão surgindo as CBDCs, que podem se tornar realidade nos próximos cinco a dez anos.”
O portal perguntou qual a vantagem das stablecoins em relação às CBDCs? Schoch respondeu:
“Uma stablecoin resolve vários problemas que a CBDC também poderá resolver; a grande questão é o uso da CBDC. Elas estão sendo criadas para que o governo tenha mais controle e possa ter transparência. Já uma stablecoin permite utilização em toda a cadeia que aceita criptoativos, além de transações mais rápidas e sem fronteiras, sem que ninguém “tome conta do meu dinheiro”, o que não será o caso de uma CBDC. São casos e usos diferentes. Ambos se baseiam na tecnologia da blockchain e foi isso que atraiu a atenção dos governos, essa perspectiva de maior transparência das transações. Outro ponto interessante é que, cada vez mais, a tecnologia permitirá a criação de novos produtos em blockchain.”
Outro assunto abordado na entrevista foram os tokens não fungíveis, os NFTs, muito usados em games. Schoch falou que foi jogando que ele aprendeu a minerar Bitcoin.
Schoch – “Isso foi em 2011, quando eu jogava World of Warcraft, mas não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Para comprar itens do jogo, eu usava bitcoin, sem saber. Por exemplo, para comprar um item de US$ 5, era preciso fazer uma remessa para o Japão, que custava US$ 85. Então, sem saber, comecei a minerar bitcoin. Programei scripts e deixei a máquina minerando, para poder jogar. Gastei muito bitcoin no jogo. Porém, esse é um jogo que existe até hoje, ele é interessante, divertido. A tendência dos games play to earn só vai se sustentar se houver esse foco. No momento em que a pessoa está jogando apenas para ganhar dinheiro, como uma obrigação, aquilo deixa de ser diversão.”