Três anos depois da autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para que fundos de investimento pudessem realizar operações com criptoativos no Brasil, o segmento está consolidado, com 12,7 bilhões de ativos sob gestão e mais de 184 mil cotistas, de acordo com reportagem do Valor Investe.
Esses números dão a dimensão do crescimento do setor no mercado brasileiro quando comparados a setembro do ano passado. Há um ano atrás, o patrimônio líquido dessa modalidade de fundos era de R$ 230,7 milhões e os cotistas, apenas 14,3 mil. O crescimento dos valores investidos no período foi de aproximadamente 115.000%.
Fernando Carvalho, presidente da QR Capital destaca na reportagem que os fundos dedicados a criptomoedas frequentemente figuram nas primeiras posições dos rankins mensais de fundos com melhores rentabilidades.
No entanto, investidores do varejo ainda compõem uma parte pequena do patrimônio líquido total dos fundos de criptomoedas. Apenas R$ 567 milhões, o equivalente a 21,4% do total.
O restante divide-se entre investidores qualificados (aqueles que possuem mais de R$ 1 milhão aplicados em instrumentos financeiros), com R$ 1,66 bilhão, e profissionais do mercado, com R$ 430,9 milhões.
Uma possível explicação para a presença ainda tímida dos varejistas seja que entre os 19 fundos de criptomoedas atualmente disponíveis para os investidores, apenas quatro estão abertos para o público em geral. O BLP Criptoativos FIM, o Hashdex 20 Nasdaq Crypto Ind, o Vitreo Cripto Metals Blend e o BTG Pactual Bitcoin 20 FI Mult.
Fundos de criptomoedas para pequenos investidores. Fonte: Valor Investe (CVM, site das gestoras, com organização da QR Asset)
Em respeito à instrução 555/2014 da CVM, todos eles limitam a 20% a exposição dos investidores às criptomoedas, pois estas se configuram como renda variável com origem no exterior. A composição dos 80% restantes baseia-se em instrumentos de renda fixa. Dessa forma, os investidores minimizam o risco inerente à tradidional volatilidade do mercado cripto.
Além do aumento do patrimônio, os gestores ouvidos na reportagem destacaram os avanços da regulação do setor. Novas opções devem estar disponíveis aos investidores brasileiros em breve.
Em março de 2019, a CVM publicou uma portaria criando um sandbox regulatório para produtos financeiros envolvendo criptoativos. Trata-se de uma espécie autorização para realização de projetos-piloto com condições especiais e limitadas para testar determinados parâmetros e funcionalidades dos instrumentos de investimento antes da autorização definitiva para que eles entrem oficialmente em operação.
Os primeiros selecionados deveriam ter sido anunciados em março de 2021, mas o prazo foi adiado por conta da quantidade de propostas recebidas, embora nem todas versassem sobre ativos digitais. O prazo foi estendido até quinta-feira e a CVM deve divulgar em breve os projetos eleitos.
Uma opção alternativa para exposição a criptoativos sob gestão de terceiros são os ETFs (Exchange Traded Funds) - os fundos de índice. O HASH11 (Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice) foi o primeiro a entrar em operação, em abril deste ano e já é o segundo colocado na preferiencia do investidor brasileiro.
Com 126.071 adeptos, ele perde por muito pouco para o BOVA11 (iShares Ibovespa Fundo de Índice), que conta com 126.095 investidores e está em operação desde novembro de 2008. Desde abril, outros 4 ETFs de criptomoedas foram aprovados.
Os ETFs garantem garantem 100% de exposição a criptoativos e têm um custo operacional mais baixo para os investidores, pois não cobram taxa de performance, apenas de administração.
ETFs de criptoativos na B3. Fonte: Valor Investe, Valor Data e B3 - *até 24 de setembro.**Até agosto
Eduardo Vasarhelyi, sócio da BLP Asset Management, destacou na reportagem a importância de entender que fudos e ETFs duas modalidades diferentes de investimento:
"ETF é passivo e os fundos são ativos. São produtos diferentes para diferentes investidores. Para o varejo, acho importante ter os dois na carteira".
A diversificação de opções de investimento em criptomoedas chega em um momento em que investidores insituicionais vêm aumentando a exposição a criptoativos e isso acaba provocando um impacto geral sobre o mercado, afirmou Fernando Caravlho ao Valor Investe:
"Ao longo do ano, a teoria de investimento em Bitcoin começou a ser entendida e disseminada, acompanhando os movimentos de grandes empresas e investidores institucionais que começaram a se expor direta ou indiretamente ao ativo".
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, QBTC 11, 100% baseado em Bitcoin, foi o ETF que registrou o melhor desempenho, até agora, em 2021 entre os principais ETFs da B3.